Brasil Lança Canetas Injetáveis para Diabetes e Obesidade com Produção 100% Nacional
Nova tecnologia da EMS promete ampliar o acesso a tratamentos de alta complexidade e movimentar a indústria farmacêutica brasileira

A indústria farmacêutica brasileira alcançou um marco histórico nesta semana com o lançamento das primeiras canetas injetáveis produzidas 100% em território nacional para o tratamento de obesidade e diabetes tipo 2. Os medicamentos Olire e Lirux, desenvolvidos pelo laboratório EMS, começaram a ser distribuídos em farmácias nesta segunda-feira (4), sinalizando um avanço estratégico no combate às doenças crônicas que mais crescem no país.
Produzidas em uma planta de alta tecnologia em Hortolândia (SP), a iniciativa contou com R$ 48 milhões em apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e investimentos totais de R$ 70 milhões. A unidade tem capacidade para fabricar até 20 milhões de canetas por ano, gerando cerca de 150 empregos diretos e mil indiretos, de acordo com a EMS.
Segundo dados da Fiocruz, a obesidade pode atingir 48% da população adulta até 2044, enquanto a diabetes tipo 2 segue em crescimento acelerado, impactando o sistema de saúde e a qualidade de vida de milhões de brasileiros. Hoje, cerca de 3,1 milhões de crianças com até 10 anos já convivem com obesidade, segundo o Ministério da Saúde.
As novas canetas utilizam liraglutida, substância da classe dos análogos ao GLP-1, hormônio que promove saciedade e ajuda a controlar os níveis de glicose. Embora sejam alternativas a medicamentos conhecidos como Victoza e Saxenda, da dinamarquesa Novo Nordisk, os produtos da EMS não são classificados como genéricos, pois foram desenvolvidos com tecnologia própria de síntese de peptídeos.
“Este é um marco para a indústria nacional e para a saúde pública”, declarou Aloizio Mercadante, presidente do BNDES. “O Brasil agora tem capacidade de produzir localmente medicamentos de alta complexidade, essenciais para o tratamento de doenças com forte impacto social e econômico.”
A EMS projeta a distribuição de 250 mil unidades até o final de 2025, com início nas regiões Sul e Sudeste. O uso dos medicamentos exige prescrição médica com retenção da receita, conforme regulamentação da Anvisa, e acompanhamento profissional para garantir a segurança do tratamento.
O presidente da EMS, Carlos Sanchez, também destacou os planos de internacionalização da empresa:
“Em até oito anos, projetamos uma receita de US$ 2 bilhões no exterior e mais US$ 2 bilhões no Brasil com medicamentos de alta complexidade. Estamos fortalecendo a liderança do país nesse setor.”
A farmacêutica já trabalha no desenvolvimento de um produto à base de semaglutida — princípio ativo do popular Ozempic — com previsão de lançamento para o final de 2025, após o vencimento da patente internacional.
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